sábado, 16 de agosto de 2008

Rita Guerra fala da sua experiência na Eurovisão

"Ao rever a actuação sinto saudade"
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Após ter representado Portugal no Festival Eurovisão da Canção 2003, em riga, com a canção "Deixa-me Sonhar (só mais uma vez)", Rita Guerra fala, agora, em entrevista, da sua participação no Festival da Canção 1992 e da mudança que oFestival Eurovisão da Canção foi para a sua carreira.

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"Deixa-me Sonhar (só mais uma vez)" por Rita Guerra

No Festival da Canção de 1992 interpretou o tema "Meu Amor Inventado Em Mim" e ficou em segundo lugar. Esta participação foi uma rampa de lançamento?
Bem… foi a minha estreia nos festivais e é verdade que não passei despercebida até porque a canção era realmente muito bonita. Talvez tenha sido o momento de maior exposição porque naquela altura toda a gente via o Festival da Canção muito mais do que hoje, portanto, acredito que naquela noite tenha havido muita gente a tomar conhecimento de quem eu era apesar de já ter algumas coisas para trás.

Voltou em 2003 e interpretou os três temas a concurso: "Prazer no Pecado", "Estes Dias Sem Fim" e "Deixa-me Sonhar". Venceu o tema "Deixa-me Sonhar (só mais uma vez)" com 75% dos votos. Foi uma escolha acertada pelo público?
Claro! Ainda bem que votaram naquela porque era realmente a canção que eu preferia. Foi uma votação realmente esmagadora, que demonstra que o público tem muito melhor gosto do que aquilo que se estava à espera. E lá fora (na Eurovisão) a canção foi muito apreciada porque toda a gente adorava a canção.

"Meu Amor Inventado Em Mim", "Estes Dias Sem Fim" e "Prazer no Pecado" nunca foram lançadas comercialmente. Poderão vir a ser incluídas num novo álbum?
"Meu Amor Inventado Em Mim" não. É demasiado festivaleira para o que tenho feito e acho que não entra no estilo. "Prazer no Pecado" é uma canção muito boa e na altura disse ao Ménito Ramos que queria ficar com ela para a gravar e ele realmente cedeu-me a canção e não a gravou. Eventualmente irei gravá-la.

Ao chegar a Riga, como foi o ambiente que se viveu até à noite de 24 de Maio?
Foi um ambiente fabuloso. Convivíamos imenso em grupo, no hotel, nos ensaios, toda a gente era impecável e não havia nada que falhasse. Lembro-me apenas da antipatia da cantora espanhola, Beth, e da simpatia da cantora alemã, Lou. Quanto às t.A.T.u. nem deram oportunidade de formar opinião mas deu para perceber que aquilo era uma máquina muito bem montada e era suposto elas comportarem-se daquela maneira mas deram-se mal.

Optou por cantar parcialmente em inglês. Porquê essa escolha? Ponderou cantar totalmente em inglês?
Não! Cantá-la totalmente em inglês estava fora de questão. Eu defendo que no Festival Eurovisão da Canção cada país deveria cantar na sua língua mãe. Sendo que isso já não é respeitado ou não é obrigatório desde há muitos anos e, sendo que só nós e mais alguns países cantávamos na nossa língua, achamos que iríamos ficar em desvantagem em relação a todos os outros que iriam até mesmo cantar a canção totalmente em inglês. É verdade que, de facto, cantar em inglês permite que as pessoas entendam aquilo que a letra quer transmitir. E então lá pedimos autorização para cantar metade em inglês e foi-nos permitido.

Qual a memória que guarda daqueles três minutos em palco? O que sente ao rever a sua actuação?
Ao rever a actuação sinto saudade. Gostava de poder lá estar outra vez. Aquilo é uma produção fabulosa... é outra dimensão... é como estar no espaço. A memória daqueles três minutos é o nervosismo pois foi um misto de prazer sempre com o bichinho do nervosismo por trás, uma vez que era uma grande responsabilidade subir a um palco com aquela dimensão. Chorei. A minha mãe tinha morrido há pouco tempo e pensei nela porque teria com certeza gostado de ver. No dia seguinte soube que morreu o meu irmão nessa noite. Toda a gente sabia que ele tinha morrido menos eu, caso contrário não teria subido ao palco e seria provavelmente emitida a gravação do ensaio.

Se voltasse àquela noite, fazia tudo da mesma forma ou mudaria algo?
Procurava estar mais calma ou, pelo menos, fazer por estar mais calma. Hoje sou uma pessoa muito mais calma e muito mais segura do que naquela altura porque em 2003 só actuava no Casino Estoril todos os dias. Era a mesma coisa todas as noites. Agora faço espectáculos ao vivo, canto de maneiras diferentes, as musicas que eu quiser, troco a ordem, ora toco ao piano ou não toco conforme me apetece. Há um exercício vocal, de estar em palco e de lidar com este público que é completamente diferente do público do Casino que se for preciso está o espectáculo todo a conversar com o parceiro da frente e nem olha para o palco.

Apesar da classificação não ter sido a esperada, o tema "Deixa-me Sonhar (só mais uma vez)" continua a integrar os seus concertos, foi incluído no álbum Rita e deu nome à tournée de 2007. Esta música foi um marco importante na sua carreira?
Importantíssimo! Foi ponto de viragem na minha carreira discográfica porque a partir daí surgiu a ideia de gravar o álbum Rita. Eu estava com ideias de gravar um disco de tributo a Elton John mas como já tinha lançado um álbum em inglês (Independence Days, 1995) que não teve o sucesso esperado devido à falta de divulgação, o Paulo Martins, que é um compositor excepcional, convenceu-me a gravar em português e nasceu assim a ideia do álbum.

Em 2005, lançou o álbum Rita. No entanto foram poucos os concertos que deu para divulgação desse trabalho, pois estava diariamente no Casino Estoril. Acha que o Casino, apesar de dar garantias de um trabalho fixo, constituiu um ligeiro entrave à sua carreira a solo?
Sim. Eu tinha uma prioridade óbvia que era o Casino e apesar de me darem autorização para eu sair para concertos, convinha não abusar e não faltar todos os fins-de-semana que é, normalmente, a altura mais forte em qualquer lado. Sendo que eu tinha exclusividade com eles, tive de gerir as coisas de uma forma equilibrada para que não pudessem sentir-se prejudicados de modo que limitou-me um pouco a questão dos concertos mas não foi por culpa deles. Foi culpa das circunstâncias.

Em 2007 chegou o albúm Sentimento que já teve uma edição especial. Como está a correr este projecto?
Este disco tem algumas inspirações diferentes. É de facto mais virado para country music e como gosto muito de Shania Twain o Paulo Martins tentou levar essa água ao meu moinho. A re-edição tem a ver com o facto de haver ali aquelas canções: três do próprio álbum Sentimento que achamos que poderiam ficar interessantes em acústico e depois fui buscar ao "Pormenores Sem a Mínima Importância" o tema "Mesmo Assim" que é um tema que eu sempre gostei. Mas há mais temas do álbum Pormenores que eu gostava de voltar a gravar.

Em 2003 pediu para a deixarem sonhar. Poderá o sonho de voltar um dia à Eurovisão tornar-se realidade?
Sim! Se me convidassem outra vez eu ia à Eurovisão. Não voltaria ao Festival da Canção porque tenho visto vitórias muito injustas e a nível de composição está muito fraco.
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Reveja aqui a actuação de Rita Guerra no Festival Eurovisão da Canção:
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