"Quando anunciaram a vitória e foi uma felicidade enorme"
.Fez coro do tema "Senhora do Mar (negras águas)", em Belgrado, no Festival Eurovisão da Canção 2008. Agora, em entrevista, Evelyne Filipe fala desta participação, do que sentiu quando este tema ganhou o Festival da Canção e do modo como esse festival contribuiu para a sua carreira.
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"Como Nós" por Evelyne Filipe
Passou a ser conhecida, para o público em geral, após a participação num concurso musical televisivo. Antes disso, como tinha sido o seu percurso no mundo da música?
Em pequena, tive uma má experiência porque decidi cantar e dançar em frente a um espelho, numa mesa de café, de vidro. Então, quando saí da mesa ela partiu mas, como eu era matreira, peguei nos vidros todos, escondi-os debaixo da cama e pus uma toalha em cima da mesa. No entanto, não é que a minha mãe vai lá por um vaso de flores? Bom... o resto já se sabe. De resto, comecei muito nova, com dez anos, em França porque em Paris incentivavam muito as crianças e desde muito cedo tive contacto com a música. Depois vim para Portugal e participei num concurso chamado Nuvem de Estrelas e fiquei logo em segundo lugar, tinha eu quinze anos e estava a concorrer com pessoas muito mais velhas que eu. Entretanto fui ver uma banda, de Aveiro, a tocar. Quando ouvi era uma brasileira a cantar a português e que desafinava imenso. Então, cheguei ao pé do dono e disse-lhe: "Se quiser uma pessoa que cante bem, tome o meu contacto e ligue-me!". E pronto, comecei a pisar os palcos. Estive em várias bandas e cantava em bares até que concorri à Operação Triunfo e entrei.
Quando surgiu a oportunidade de participar na Operação Triunfo, que forças a motivaram a passar por todo o processo de selecção? Viu neste programa uma hipótese de agarrar um lugar neste meio?
Eu já tinha participado num dos casting's da OT 1 e fui eliminada à primeira porque embirrei em cantar Shakira e imitá-la completamente. Na altura estava na moda e toda a gente comete os seus erros. Quando surgiu a OT 3 pensei "Porque não?" e tentei outra vez a minha sorte mas estava sempre a pensar negativo. Nos casting's tinha sempre a chave do carro na mão, quando eles anunciavam os números que passavam à fase seguinte, porque nem queria ouvir os resultados. Só pensava em ir embora. Mas pouco a pouco fui passando e entrei.
Saiu na 6ª gala da Operação Triunfo, ficando em 12º lugar. Que avaliação faz desta sua participação?
Senti-me muito presa porque a OT é um programa onde nos querem moldar e querem levar-nos para um caminho que se calhar não é aquele que queremos. Eu era uma pessoa muito activa e custa-me muito ficar parada no palco, principalmente num palco grande onde sinto que as pessoas estão a dar atenção àquilo que faço. Na primeira gala, pude escolher a minha roupa, usei o penteado que eu queria e pude estar no palco como me sentia à vontade. Infelizmente fui a única que não escolheu a música e tive uma semana para aprender aquilo tudo porque nem sequer conhecia a letra. Depois, nas semanas seguintes, já mexiam em cabelos, mexiam na roupa, diziam-me "não podes sair desta cruzinha no palco" e eu, apesar de engolir tudo, sentia que era impossível para mim.
A 9 de Março, fez parte do coro que apoiou Vânia Fernandes no tema vencedor do Festival da Canção 2008. Como surgiu esta oportunidade?
Quando saí da OT, o Carlos Coelho enviou-me um e-mail onde dizia que tinha uma canção para o Festival e queria que eu a cantasse só que eu ignorei. Eram tantos os e-mails que eu recebia que passou... Entretanto, passado uns tempos, a Vânia liga-me a dizer: "Oh, Evelyne, vou participar no Festival e gostaria tanto que fizesses parte dos backing vocals" e eu disse-lhe que podia contar comigo. Depois, o Carlos Coelho disse-me: "Sabes, eu enviei-te um e-mail com algumas músicas. Quem sabe se não estarias a cantar a "Senhora do Mar", agora!" Mas já aprendi, agora respondo a todos os e-mails!
Após a vitória no Festival da Canção, como foram os preparativos para a Eurovisão em Belgrado?
Eu estava no palco quando anunciaram a vitória e foi uma felicidade enorme. Depois foram ensaios, ensaios e ensaios. O Carlos Coelho esteve sempre muito dedicado ao trabalho e foi incansável. Durante esse tempo, trabalhamos imenso na música e limámos algumas arestas. Estivemos três dias na Madeira a gravar o videoclip. Gravamos na serra do Pico do Areeiro, na praia, em imensos sítios. Mas no final, devido aos patrocínios, no videoclip só apareceram algumas imagens que gravamos em estúdio.
Já na Sérvia, após se terem qualificado para a final do Festival Eurovisão 2008, acabaram em 13º lugar. Que impacto teve esta presença no festival na sua carreira?
Para mim, a Eurovisão foi a melhor coisa que me aconteceu. Não foi a OT nem nada disso. Para além de estar a defender o meu país e de estar a cantar para o maior número de pessoas que alguma vez poderia imaginar, foi a sensação de bem-estar com a música que estava a apoiar. Só tive pena de acabarmos em 13º lugar.
Para 2009, quais os seus principais projectos?
O primeiro objectivo é lançar o meu álbum, em Fevereiro ou Março. Incluirá temas escritos por mim, em português, com diversos estilos musicais como Pop, Dance, Rock, R&B e Baladas. Sugeriram-me cantar em inglês mas não aceitei pois estamos em Portugal e temos de valorizar a nossa língua. Depois, se Deus quiser, virá o Festival da Canção.
A RTP divulgou, recentemente, o formato para o próximo Festival da Canção. Este ano, o concurso será aberto a todos e haverá uma espécie de semi-final on-line com 24 temas. Qual a sua opinião sobre esta mudança de formato?
Não acho mal a abertura a todos os produtores pois dá oportunidade a outras pessoas de participar. A nível da realização da votação on-line tenho muitas dúvidas porque acho que não é certa uma vez que nem toda a gente sabe disso pois nem toda a gente tem acesso à internet logo, nem toda a gente pode votar. Por outro lado, há também muita gente que pode votar para o mesmo e acho que a votação não é real. Se é realmente feito pela internet terá de ser feito pelo menos de forma justa e segura.
Já tem em mente algum plano ou projecto para a sua participação no Festival da Canção?
As pessoas gostam de ver um espectáculo e de ter o 'brilho no olho', não só pela voz do intérprete mas também por tudo o que se move no palco. Em primeiro lugar eu queria acabar com as baladas. Não queria mesmo levar uma balada pois já chega de apresentar uma balada para representar Portugal. Precisamos, pelo menos, uma música com ritmo e da possibilidade de, como outros países fazem, levar para o seu próprio festival a música na sua língua e na Eurovisão cantá-la em inglês. Relativamente ao produtor da música não é algo que esteja muito em causa mas é claro que tenho de dar prioridade ao meu produtor da NZProduções. Gostaria de apresentar algo num estilo R&B dentro do Pop e obrigatoriamente tem de ter bailarinos. Queria uma coisa que ficasse no ouvido e que tivesse uma letra fresca sem referir o sol, o mar, a lua, 'gosto de ti' e coisas assim.
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